terça-feira, 15 de março de 2011

Manhãs de Maio


Lembre-se das manhãs de maio, pois na primeira delas tudo mudou quando a vi sentada nos degraus da igreja, meio cabisbaixa e minha reação foi te oferecer um café .
E passamos aquela primeira manhã de maio medindo desilusões e frustrações até alguns sorrisos interromperem e darem gosto ao café amargo daquela padaria.
Lembre-se das manhãs de maio, pois inconscientemente fizemos daquela padaria um ponto de encontro, e daquele café amargo, o mais saboroso de todos e o motivo para perdermos a hora e nos atrasarmos para o trabalho toda vez.
Lembre-se das manhãs de maio, pois começamos a prolonga-las marcando almoços e voltas no parque depois do trabalho, e lá apenas sentavamos e observavamos as folhas das árvores cobrirem os caminhos com tanta sutileza que formavam um tapete dourado ao serem tocadas pela luz do sol.
Lembre-se das manhãs de maio, pois em uma delas fazia frio e estava chovendo, então te emprestei minhas luvas e dividimos um guarda-chuva que o vento levou ao passarmos enfrente ao cinema, e isso nos levou à um filme ainda naquela noite e à um chá em minha casa pois você estava resfriando e eu pedi pra cuidar de você.
Lembre-se das manhãs de maio, pois acordamos juntos e fui buscar o café naquela padaria, e quando voltei, você estava usando uma de minhas camisetas como um vestido.
Lembre-se das manhãs de maio, pois no fim de semana você propôs a irmos ao teatro e me confidenciou que é um de seus lugares favoritos. E lá, enquanto tentava me explicar a peça, eu tentava me manter acordado.
Lembre-se das manhãs de maio, pois em uma delas era domingo e estavamos passeando no parque e você fez carinho em um cachorro que não parou de nos seguir mais, e ao chegarmos em casa você fez aquela cara de quase choro de quem não está pedindo nada anormal  e me convenceu a adota-lo e o batizou de "Café" em homenagem à minha abordagem na primeira manhã de maio.
Lembre-se das manhãs de maio, pois enquanto as árvores pareciam estar morrendo, nós pareciamos estar realmente vivendo pela primeira vez.
Lembre-se das manhãs de maio, pois a última delas foi a ultima para mim. Acho que vivi toda a felicidade de uma vida em um mês.
Por alguma razão eu estava no lugar errado e na hora errada, e agora, não posso mais estar por ai.
Porém em seus passos, em seus suspiros e até em seus carinhos no Café, eu estou presente. 
Jamais te deixarei porque, acima de tudo, com você passei as melhores manhãs da minha vida que se estendiam até as manhãs seguinte.
Eu a amava desde antes do nascer do sol, quando o orvalho ainda cobria os gramados e as flores no jardim, quando a cidade aproveitava seus momentos de silencio e tranquilidade e quando você se revirava na cama e por mais distante q estivesse, sempre esticava a mão me procurando como se dissesse: eu sempre estou aqui.
Nunca cheguei a falar que a amava, mas creio que não seria necessario. Podiamos ver isso nos olhos do outro, nas mãos dadas no parque, nos abraços sem despedidas, no sabor do café amargo, nos beijos desprevinidos.
Eu nunca cheguei a te falar, mas eu te amo e se em algum momento duvidar disso, lembre-se das manhãs de maio.

sábado, 12 de março de 2011

Apenas Não Chore


Não pense que não te amo por não parecer triste com tua partida
E acho que deveria conter tuas lagrimas também
Acredite, não é nada fácil tentar me manter indiferente
Vivemos algo além das espectativas, além da perfeição
Foram belos momentos, alguns até breves mas que reservaram espaços vitalicios na memória
Como quando dormiamos abraçados durante alguns filmes
Ou dançavamos na rua sem música
Ou quando fiz chá porque estava doente
Ou quando vimos beija-flores no parque
Todos os dias pareciamos crianças em manhã de natal abrindo os presentes.
Eu a amo de maneira que nem Shakespeare ou Freud podem explicar
E quero guardar tudo sem arrependimentos na memória
Assim, quando vasculhar meus pensamentos, encontrarei sempre nós dois e sorrisos
Não pareço triste com tua partida simplesmente para não manchar uma história tão mágica.